segunda-feira, 2 de abril de 2018

Por que Jesus ressuscitou na primavera?


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Isaías profetizou que Cristo ao ser sepultado “descansaria na paz” ( Is 57, 2) pois, por sua morte, ele restabeleceu a paz entre o céu e a terra. Ora esta era a paz que existia no Jardim do Éden. 

Não é, portanto, sem razão que Jesus foi sepultado num jardim e nele ressuscitou. Não é sem razão, também, que Cristo morreu e reviveu no começo da primavera no hemisfério norte. No livro de Cantares se fala de um horto fechado, uma fonte selada. Lembremos que os judeus mandaram fechar o jardim pois temiam que os apóstolos roubassem seu corpo para dizer que ele havia ressuscitado. Tal fonte selada e tal jardim fechado é o Salvador: pois sua alma só tendia a Deus, como a amada tende apenas a seu amado. Cantares em 2,14 afirma que a 'amada' é chamada a se levantar do 'buraco da pedra' que designa a câmara que ficava diante da porta do sepulcro do Cristo.

Nosso Senhor ressurgiu não no verão ou outro tempo mas na primavera pois neste tempo fica o primeiro mês dos hebreus onde acontece a festa da páscoa. Isto se reveste dum sentido místico pois foi neste tempo que se deu a origem do mundo pois disse o Senhor que “produza a terra a erva verde e que dêem sementes segundo sua espécie e semelhança.” O lugar da sepultura era um horto e a Vida – ele mesmo com seu corpo sepultado - lá foi plantada pois Jesus disse: Eu sou a Vida. Foi plantada na terra para limpar a maldição que Adão trouxe à mesma com seu pecado. Por conta dela a terra produziu abrolhos e espinhos, mas é da terra, como se profetizou, que germinará a fidelidade ( Salmo 84, 12). Em Cantares se diz que a amada recolheu mirra, aromas e aloés (Cantares 4, 14). Nos evangelhos vemos as mulheres e Nicodemos levando misturas de mirra e aloé ao sepulcro de Cristo ( Jo 19, 39), frutos da primavera, do renascimento. O aloé é uma planta que frutifica em terra árida como Cristo que frutificou a Graça na terra dos judeus que não o receberam, tinham a alma árida. O aloé é cicatrizante assim como Cristo que veio cicatrizar a ferida dos pecados.

Deste modo, Nosso Senhor ressurge na primavera pois esta foi a primeira estação da história, dado que foi nela que Deus começou a criação da terra. A primavera é a ressurreição da natureza depois da morte trazida pelo inverno onde as árvores já não dão flores nem frutos, onde os animais hibernam. Jesus é a ressurreição da humanidade da morte espiritual pois já não dava frutos de justiça para Deus. Em Cristo o mundo ressurge – é uma nova criação que começa, uma nova humanidade. Cristo é o novo Adão. Como novo Adão ele recomeça nossa história desde um jardim pois ele é a Árvore da Vida. Notemos que ele aparece na forma de um jardineiro antes de se revelar a Madalena, no horto da ressurreição. Como Deus cultivou um Jardim para por o primeiro homem, Jesus cultiva um novo jardim para o novo homem renascido pela fé: ele é o jardineiro do Pai.  Sua cruz é o madeiro donde vem a Vida Nova, é a planta donde virão os frutos que curam as nações. 

É como se a Semana Santa resumisse, em poucos dias, o ciclo completo da natureza e da vida, mas também o da história da salvação, unindo, num só quadro, a religião cósmica e natural, onde se pode adorar a Deus a partir da beleza da criação, com a religião revelada, onde vemos Deus se apresentar por meio de fatos redentores: a chegada triunfal do Cristo em Jerusalém entre uma multidão que agita palmas (os ramos, uma semana antes da Páscoa) já anunciam o fim da era invernal; em seguida a morte de Cristo, que  representa a morte do antigo mundo, depois a ressurreição de Cristo, que é a criação de um novo mundo, de uma nova era, de um novo homem, que significa a volta da esperança, um novo fluxo da vida, a vitória sobre a morte. Assim como tudo começa num jardim tudo se torna pleno e acabado nele. Do jardim do túmulo sai a Vida Vitoriosa. Voltando ao jardim do qual Adão foi expulso, pela fé na ressurreição, teremos acesso ao fruto da Árvore da Vida pelo qual ganharemos a Vida Eterna.

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